Este boletim tem como objetivo fundamental divulgar o trabalho realizado no âmbito do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular.
7 PARTILHAS porque somos 7 escolas. 7 PARTILHAS porque queremos ser concisos. 7 PARTILHAS porque o 7 significa renovação.
7 PARTILHAS porque sai ao dia 7 de cada mês.


N.º 3 - maio 2018
1. (DES)ARRUMAR A SALA DE AULA

   “As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro as regras e leis é colocar o carro à frente dos bois. As regras e leis são fruto da experiência, de outro modo não passam de fórmulas sem valor.”

Célestin Freinet

 
   Nesta turma de 1º ano, o trabalho desenvolvido tem, como base principal, as motivações dos alunos para as aprendizagens. O caminho é delineado pelas suas escolhas democráticas e pelas suas experiências ao nível de todas as áreas.

   O gosto pela experimentação leva-nos algumas vezes a transferir a nossa sala de aula para o pátio e para a horta. As próprias mesas por vezes tornam-se pequenas para a realização dos seus trabalhos e o chão é o espaço eleito. A importância da cooperação e da interajuda é uma constante que faz com que o trabalho em grupo nunca seja abandonado.

   Esta forma de trabalhar favorece bastante a autonomia e a responsabilidade de todos os alunos, independentemente das suas dificuldades.
 
Isabel Dias, Docente do Grupo 110 - 1º Ciclo
2. "CUIDAR E ABRAÇAR A TERRA" - PROJETO INTERDISCIPLINAR DE ESCOLA
 

 
   O projeto “Era uma vez… cuidar e abraçar a Terra” é desenvolvido, uma vez por período, na Escola Básica da Brejoeira. Neste projeto, uma história é trabalhada de forma interdisciplinar, envolvendo quatro áreas curriculares: Português, Matemática, Estudo do Meio e Expressões. Constituem-se quatro grupos de 26 alunos, pertencentes a grupos do Pré escolar e turmas do 1º ciclo, que vão percorrendo quatro oficinas com atividades  sempre subordinadas à mesma obra literária.
 
   Dando resposta ao tema definido inicialmente, no primeiro período, trabalhou-se o livro “O dia em que a mata ardeu” de José Fanha e, no 2º período, “Quem dá um abraço ao Martim” de David Melling. Geralmente, os alunos começam na Oficina do Conto, com a audição/exploração da história e depois trabalham na Oficina da Matemática, discutindo estratégias e resolvendo problemas. Na Oficina das Experiências e na Oficina das Artes, realizam atividades no âmbito da expressão plástica, canto, dança e drama.
 
   Estas oficinas são dinamizadas pelos docentes dos alunos envolvidos e implicam um trabalho colaborativo na preparação e execução do projeto.
 
   Os alunos têm manifestado um grande entusiasmo e empenho nas atividades propostas.
 
Leonor Duarte, Coordenadora da Escola Básica da Brejoeira
3. WORLD CAFÉ - "O NOSSO PROJETO DE AUTONOMIA E FLEXIBILIDADE CURRICULAR (PAFC)"

   No dia 13 de abril do corrente ano, realizou-se, na escola sede do agrupamento, o primeiro (de vários, assim se espera…) “WORLD CAFÉ”. Do que se trata?

   O WORLD CAFÉ é uma metodologia de diálogo livre, acessível a todas as pessoas. Consiste numa abordagem criativa de conversação que procura fomentar e gerar diálogos entre os diferentes indivíduos. Acedendo à inteligência coletiva, vai-se tecendo uma rede viva de diálogo colaborativo, com o objetivo de responder a questões de grande relevância para as organizações e comunidades. Esta metodologia está muito em voga e é muito utilizada em todo o mundo. Pode dizer-se que este tipo de abordagem foi desenvolvido por Juanita Brown e David Isaacs, em 1995, no estado da Califórnia.

   Tendo-se revelado uma técnica muito proficiente para estimular a criatividade resultante da interação entre um determinado grupo profissional e, sendo o seu formato flexível e adaptável a diferentes circunstâncias, a Diretora do agrupamento propôs às três docentes Coordenadoras de Ciclo a criação de um destes momentos.

   Num dos blocos da escola sede, foi organizado um espaço hospitaleiro e convidativo ao diálogo entre os docentes que lecionam as turmas dos 1os, 5os e 7os anos de escolaridade. Estiveram presentes cerca de sessenta docentes.

   O “nosso” WORLD CAFÉ, intitulou-se “O NOSSO PROJETO DE AUTONOMIA E FLEXIBILIDADE CURRICULAR (PAFC)” e pretendeu gerar um diálogo livre e criativo entre todos os docentes implicados no PAFC.

   Foram debatidas as temáticas: I - “Práticas pedagógicas desenvolvidas centradas/orientadas para os alunos e sua monitorização, nomeadamente a monitorização das aprendizagens dos alunos”, II - “Cidadania e desenvolvimento e a promoção da autonomia e responsabilidade dos alunos”, III - “Domínios de Autonomia Curricular (DAC) – Dinâmicas de trabalho entre professores direcionadas para uma gestão conjunta do curriculum” e IV - “Ligação com a comunidade e o domínio organizacional”.

   O diálogo foi vivo e colaborativo tendo-se utilizado, efetivamente, a inteligência coletiva, partindo de pequenos grupos de trabalho para finalizar no grande grupo constituído por todos os professores. Das sessões de vinte minutos, de cada pequeno grupo, resultou uma coleção de ideias e soluções apresentadas, no final, ao grande grupo, em formato PowerPoint.

   Ao longo das sessões, foram muitas as ideias, os desabafos, as frustrações, os entusiasmos e as sugestões. O roulement dos diferentes grupos de professores pelos diferentes temas transformou uma tarde de trabalho intenso e cansativo num momento criativo, descontraído e “leve”.

   As apresentações em PowerPoint (I, II, III e IV) estão disponíveis para consulta. Muitas das ideias registadas podem ser desenvolvidas em novas sessões de trabalho.

   A fechar esta tarde, alguns professores fizeram pequenas apresentações da Metodologia do Trabalho de Projeto que têm vindo a desenvolver com os seus alunos.

   A equipa organizadora deixa um muito obrigado a todos os participantes pela sua viva participação, sem a qual toda a dinâmica pretendida não teria sido alcançada. 
 

Deolinda Ferreira (1º Ciclo), Maria Simas (2º Ciclo) e Anabela Nápoles (3º Ciclo) - Coordenadoras de Ciclo
4. PRÉ-ESCOLAR - A CRIANÇA COMO SUJEITO E AGENTE DO PROCESSO EDUCATIVO

  
   Gerir o currículo de forma flexível implica uma boa organização do ambiente educativo, conhecer as características e interesses do grupo e o contexto. Então, o educador planifica, desenvolve a ação, avalia e reestrutura, de modo a proporcionar atividades cada vez mais desafiadoras para as crianças.

   As aprendizagens no Jardim de Infância devem ser abordadas de uma forma integrada e globalizante, implicando uma construção articulada do saber entre as diferentes áreas e domínios, não podendo ser vistas como compartimentos estanques. É importante a criança vivenciar, experimentar ativamente, tomar decisões sobre as atividades e ter um papel determinante na construção do seu conhecimento, avaliando também o seu progresso. O educador deve orientar, estimular e articular as iniciativas das crianças com as suas propostas, baseando-se no que as estas já sabem.     
                                                
   Por exemplo, através da leitura da história “Elmer, o elefante xadrez” (ponto de partida para a elaboração de uma oferta para o Dia da Mãe) desenvolveram-se diversas atividades: no âmbito da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita - leitura da história, vocabulário, código escrito, consciência fonológica; no âmbito da Matemática – visualização e identificação de diferentes padrões, elaboração individual de padrões, exploração de formas geométricas, sequências, medidas padronizadas; no âmbito das Artes Visuais – exploração de diferentes técnicas, cores, sentido estético; na Área de Formação Pessoal e Social – respeito pela diversidade, conceito de família, diversos tipos de família, papel da mãe na família; na Área de Conhecimento do Mundo – respeito pelo ambiente através da utilização de materiais recicláveis (aproveitamento de caixas de cereais para saco de oferta e de sobras de papel frisado para elaboração de uma pulseira).

Teresa Bento e Ana Cristina Duarte, Docentes do Grupo 100 – Pré-Escolar
5. PARTILHAS COM O EXTERIOR


 
   No passado dia 5 de maio, no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, decorreu um encontro promovido pela Associação de Professores de Matemática sobre “Flexibilidade Curricular em Matemática”. A grande questão presente foi a de se debater “Em que medida pode a gestão flexível do currículo contribuir para melhorar as aprendizagens em Matemática?”
 
     O nosso agrupamento foi convidado para apresentar e discutir o seu trabalho, tendo integrado o grupo de discussão do 2º ciclo . Realçou-se o facto de termos construído o currículo com base no perfil dos alunos, aprendizagens essenciais e contexto de escola, cruzando diferentes documentos curriculares, incluindo o programa de Matemática de 2013 e de 2007, numa visão de articulação vertical. Foi também destacada a integração da Matemática em projetos interdisciplinares, a diversificação de tarefas e de instrumentos de avaliação, assim como a importância dos “Dias do 5@bER Sem Fronteiras” na descompartimentação das disciplinas.

   Muitas ideias interessantes foram partilhadas, várias interrogações continuam a persistir e a merecer reflexão. Há caminho a fazer! 
Gisélia Piteira, Docente do Grupo 230 - Matemática
6. TRABALHO DE PROJETO
 
 
   No sentido de favorecer a escolha de um grande tema que permitisse envolver diferentes áreas do saber, foram apresentados, ao grupo turma, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pelas Nações Unidas para 2030. Em Assembleia de Turma, foi escolhido o tema mais votado «Proteger a vida marinha» 14º ODS. Este objetivo remete para duas ações fundamentais, a saber:
  • prevenir e reduzir significativamente a poluição marítima de todos os tipos, especialmente a que advém de atividades terrestres, incluindo detritos marinhos e a poluição por nutrientes;
  • gerir de forma sustentável e proteger os ecossistemas marinhos e costeiros para evitar impactos adversos significativos, inclusive através do reforço da sua capacidade de resiliência, e tomar medidas para a sua restauração, a fim de assegurar oceanos saudáveis e produtivos.
   Dentro do grande tema, surgiram subtemas que exigiram uma pesquisa orientada, seleção e mobilização de conhecimentos de conteúdos programáticos relacionados com a temática do projeto, visando o desenvolvimento de aprendizagens com significado para os alunos. As disciplinas inicialmente envolvidas no projeto foram Desenvolvimento, Ambiente e Sustentabilidade (DAS) e Ciências Naturais. Em DAS, foram trabalhados os conteúdos: Importância da água para a vida na Terra; Energia – os oceanos e mares enquanto recursos energéticos; Biodiversidade enquanto recurso; Gestão sustentável dos resíduos e da água e Produção e consumos sustentáveis e, em Ciências Naturais, trabalhou-se o conteúdo: Intervenção do Homem nos subsistemas terrestres e seus impactos.
  Numa fase posterior, houve a necessidade do contributo de outras disciplinas, nomeadamente o Português, com o conteúdo: Publicidade institucional (relação imagem/texto) e Educação Visual, com os conteúdos: Organização do espaço bidimensional e tridimensional; Metodologia de projeto; Orientação da componente de sustentabilidade social pelo contacto direto com informação direta à população através de cartazes e Perspetiva cónica com um ponto de fuga.
   Foram desenvolvidas as seguintes ações à medida que o projeto ia sendo construído: ação de sensibilização junto da população de Azeitão «para o não uso de sacos de plástico» à porta de um supermercado local; visita de estudo ao Museu Oceanográfico Parque Marinho Luiz Saldanha; recolha de lixo costeiro no Portinho da Arrábida; separação do lixo costeiro por categorias, em sala de aula; Palestra orientada pela Dra. Raquel Gaspar, fundadora do Movimento «Ocean Alive», seguida de recolha de resíduos sólidos no espaço escolar e posterior separação por itens.
    As atividades desenvolvidas conduziram à elaboração de folhetos informativos alusivos à poluição, à produção de cartazes publicitários, à realização de maquetas de seres marinhos com recurso a plástico, esferovite e cartão.
  Na Festa do Agrupamento, será realizada uma exposição alusiva ao tema «Lixo Marinho».
   Num primeiro balanço, devo sublinhar que a utilização da metodologia de trabalho de projeto favoreceu o mais importante: as aprendizagens dos meus alunos.
 
Ana Neves, Docente do Grupo 520 - Ciências Naturais
7. QUESTIONÁRIOS AOS ALUNOS SOBRE OS DIAS DO 5@BER SEM FRONTEIRAS
 



   A grande maioria dos alunos do 2º e 3º ciclo manifestou o seu agrado com o trabalho desenvolvido no âmbito dos Dias do 5@bER Sem Fronteiras (1).

  Nas turmas de 5º e 7º anos, as opiniões são especialmente favoráveis aos projetos interdisciplinares e ao trabalho colaborativo.

(1) Os dados apresentados referem-se ao Dia do 5@bER Sem Fronteiras realizado a 13 de abril. Responderam dois alunos por turma.
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